Itaú Ultrapassa Petrobras, Klabin Paga R$ 318 Mi em Dividendos e Balanços do 3T25 Criam Expectativas no Mercado
O mercado financeiro brasileiro vive um momento histórico nesta semana de novembro de 2025. Enquanto o Ibovespa segue em trajetória de recordes consecutivos, uma mudança significativa no topo do ranking de valor de mercado da B3 simboliza uma transformação mais profunda no perfil dos investimentos. O Itaú Unibanco superou a Petrobras como a empresa mais valiosa da bolsa brasileira, em um movimento que reflete não apenas o desempenho excepcional do setor bancário, mas também uma mudança na preferência dos investidores por ativos com perspectivas robustas de dividendos e crescimento sustentável.
Nesta análise completa do morning call, vamos examinar os fatores por trás dessa mudança de liderança, os últimos anúncios de dividendos que estão atraindo a atenção do mercado, e as expectativas para os balanços trimestrais que ainda serão divulgados. Com o Copom prestes a anunciar sua decisão sobre a taxa Selic e o mercado externo mostrando sinais de volatilidade, os investidores buscam oportunidades em meio a um cenário complexo e cheio de nuances.
Destaque do Dia
O Ibovespa registrou seu sétimo recorde consecutivo, fechando em 150.704 pontos, enquanto o Itaú ultrapassou a Petrobras como empresa de maior valor de mercado na B3, atingindo R$ 401,9 bilhões. Em meio a essa movimentação, empresas como Klabin, Ferbasa e Tegma anunciaram pagamentos substanciais de dividendos, alimentando o interesse por ações com histórico de distribuição de proventos.
Mudança Histórica: Itaú Assume a Liderança na B3
A segunda-feira, 3 de novembro de 2025, marcou um marco simbólico para o mercado financeiro brasileiro. Pela primeira vez, uma instituição financeira assume o posto de empresa mais valiosa da B3, superando as tradicionais gigantes do setor de commodities. O Itaú Unibanco (ITUB4) atingiu a marca de R$ 401,9 bilhões em valor de mercado, ultrapassando os R$ 396,5 bilhões da Petrobras (PETR4).
Essa mudança não ocorreu por acaso. As ações do Itaú acumulam valorização de mais de 40% no ano, agregando aproximadamente R$ 120 bilhões em valor de mercado. Na terça-feira (4), os papéis atingiram nova máxima intradiária de R$ 40,17, impulsionados pelas expectativas positivas em torno dos resultados do terceiro trimestre. O banco, de fato, não decepcionou: reportou lucro líquido recorrente de R$ 11,9 bilhões no 3T25, um crescimento de 11,3% em relação ao mesmo período de 2024.
Esse desempenho excepcional reflete a solidez do modelo de negócios do Itaú em um ambiente de juros elevados, onde a rentabilidade das instituições financeiras tende a se beneficiar. A margem de juros líquida do banco expandiu significativamente, enquanto a inadimplência manteve-se sob controle, demonstrando uma gestão conservadora e eficiente.
O Que Essa Mudança Significa para o Mercado?
A ascensão do Itaú ao topo do ranking de valor de mercado representa mais do que apenas uma mudança de posições entre duas grandes empresas. Ela simboliza uma transformação estrutural no perfil da bolsa brasileira, que tradicionalmente era dominada por empresas de commodities como Petrobras e Vale.
Especialistas apontam que essa mudança reflete uma valorização de empresas com modelos de negócio mais previsíveis, gestão profissionalizada e políticas consistentes de distribuição de dividendos. Enquanto as companhias de commodities estão sujeitas à volatilidade dos preços internacionais de petróleo e minério de ferro, os bancos brasileiros demonstram resiliência e capacidade de geração de caixa mesmo em cenários econômicos desafiadores.
Para investidores focados em dividendos, essa transição oferece novas oportunidades. O setor financeiro tem histórico de distribuição generosa de proventos, com yields atrativos que frequentemente superam a inflação e oferecem renda passiva consistente para carteiras de longo prazo.
Balanços do 3T25: Destaques e Expectativas
Além do Itaú, outras grandes empresas apresentaram seus resultados do terceiro trimestre, com desempenhos variados que influenciaram significativamente suas respectivas cotações e as expectativas sobre futuros pagamentos de dividendos.
Klabin (KLBN11): Lucro em Queda Mas Dividendos em Alta
A Klabin (KLBN11) reportou lucro líquido de R$ 478 milhões no terceiro trimestre de 2025, representando uma queda de 34% em comparação com o mesmo período de 2024. Apesar do resultado menos expressivo, a empresa aprovou a distribuição de R$ 318 milhões em dividendos, o que corresponde a R$ 0,05 por ação ordinária e R$ 0,26 por Unit].
O pagamento será efetuado em 19 de novembro, com base na posição acionária do dia 7 de novembro de 2025. As ações da Klabin passaram a ser negociadas “ex-dividendos” a partir de 10 de novembro. Esse anúncio contribuiu para o desempenho positivo do papel, que fechou a terça-feira (4) em alta de 2,95%, cotada a R$ 18,51.
Vale destacar que, apesar da queda no lucro líquido, a Klabin apresentou crescimento de 17% no Ebitda ajustado, que totalizou R$ 2,117 bilhões no 3T25. A receita líquida também cresceu 9%, atingindo R$ 5,426 bilhões, impulsionada pelo aumento dos volumes de vendas e dos preços dos produtos de papel e embalagens.
Klabin Mantém Tradição de Dividendos
A Klabin tem histórico consistente de distribuição de dividendos aos acionistas. De acordo com seu site de relações com investidores, a empresa pagou um total de R$ 903 milhões em dividendos apenas em 2025. Esse compromisso com o retorno aos acionistas fortalece a atratividade do papel para investidores de renda passiva.
Vale (VALE3) e BB Seguridade (BBSE3): Resultados Sólidos
A Vale (VALE3) registrou lucro líquido de US$ 2,68 bilhões no terceiro trimestre, valor 11% superior ao mesmo período de 2024. Esse desempenho robusto alimenta especulações sobre a possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários, uma prática comum da mineradora quando seus resultados superam as expectativas.
Já a BB Seguridade (BBSE3) surpreendeu positivamente ao reportar lucro líquido gerencial de R$ 2,56 bilhões, o maior desde sua estreia na bolsa em 2013. A empresa, que controla as operações de seguros do Banco do Brasil, tem se destacado por sua capacidade de geração de caixa e políticas consistentes de distribuição de dividendos.
Embraer (EMBJ3): Desempenho Decepcionante
Na contramão dos resultados positivos, a Embraer (EMBJ3) viu seu lucro despencar 76,4% no terceiro trimestre, para R$ 289,4 milhões. O desempenho reflete desafios na divisão comercial e atrasos em entregas de jatos executivos. As ações da empresa fecharam em queda de 3,60% na terça-feira (4), cotadas a R$ 84,13.
Expectativas para a Petrobras (PETR4)
Os olhos do mercado se voltam para a Petrobras, que divulgará seus resultados do terceiro trimestre na quinta-feira (6), após o fechamento do mercado. A XP Investimentos projeta um lucro líquido de US$ 4,3 bilhões para a estatal, além de US$ 2,3 bilhões em dividendos.
O anúncio é aguardado com expectativa pelos investidores, especialmente considerando a recente perda da posição de empresa mais valiosa da B3 para o Itaú. Analistas avaliam que a Petrobras pode surpreender positivamente com a distribuição de dividendos, o que poderia reacender o interesse pelos papéis da companhia.
Panorama dos Dividendos: Onde Estão as Oportunidades?
Em um ambiente de juros elevados e perspectivas de queda apenas no médio prazo, os dividendos tornam-se um componente essencial da rentabilidade total dos investimentos em ações. Neste contexto, várias empresas anunciaram distribuições substanciais de proventos, oferecendo yields atrativos para os investidores.
Ferbasa (FESA4): JCP Parcelado
A Ferbasa (FESA4) aprovou na quarta-feira (29) a distribuição de R$ 213 milhões em Juros sobre Capital Próprio (JCP). O valor corresponde a aproximadamente R$ 0,59 por ação ordinária e R$ 0,65 por ação preferencial, que será pago de forma parcelada.
A primeira parcela, no valor de R$ 73 milhões (R$ 0,2022 por ação ordinária e R$ 0,2224 por ação preferencial), será paga em 5 de dezembro de 2025. A segunda parcela, de R$ 140 milhões (R$ 0,3878 por ação ordinária e R$ 0,4265 por ação preferencial), tem data de pagamento prevista para 12 de junho de 2026.
Para ter direito aos JCP, os investidores precisavam estar posicionados na empresa até o dia 5 de novembro de 2025. As ações da Ferbasa começaram a ser negociadas “ex-juros” a partir de 6 de novembro. É importante ressaltar que os JCP estão sujeitos à retenção de 15% de Imposto de Renda, exceto para acionistas isentos ou imunes.
Tegma (TGMA3): Dividendos e JCP Combinados
A Tegma (TGMA3) aprovou o pagamento de R$ 89,02 milhões em proventos referentes ao semestre encerrado em 30 de junho de 2025. O montante equivale a R$ 1,35 por ação, sendo R$ 79,78 milhões (R$ 1,21 por ação) na forma de dividendos intercalares e R$ 9,23 milhões (R$ 0,14 por ação) como juros sobre capital próprio (JCP).
Os investidores posicionados até 7 de agosto de 2025 tiveram direito aos proventos, com pagamento realizado em 19 de agosto de 2025. As ações da Tegma foram negociadas “ex-dividendos” e “ex-JCP” a partir de 8 de agosto.
De acordo com o site de relações com investidores da Tegma, em assembleia geral realizada em 9 de abril de 2025, foi aprovada adicionalmente a distribuição de R$ 38.903.285,48, ou R$ 0,59 por ação, sendo R$ 0,44 em dividendos e R$ 0,15 em JCP.
Dividend Yield da Ferbasa (FESA4)
Um dos maiores yields do mercado
Dividend Yield da Tegma (TGMA3)
Yield atrativo com crescimento
Crescimento de Dividendos (5 anos)
Tegma mostra forte crescimento
Outras Oportunidades de Dividendos no Mercado
Além das empresas já mencionadas, o mercado oferece diversas outras oportunidades para investidores focados em dividendos. A Tegma, por exemplo, tem um histórico impressionante de crescimento de proventos, com taxa de crescimento de 39,84% nos últimos cinco anos.
Segundo dados do Investidor10, o dividend yield atual da Tegma é de 7,29%, com payout de 64,85% . Esses indicadores sugerem uma política equilibrada de distribuição de lucros, que permite tanto o retorno aos acionistas quanto o reinvestimento na empresa para crescimento futuro.
Já a Ferbasa apresenta um dividend yield ainda mais atrativo de 14,78%, embora seja importante analisar a sustentabilidade desse nível de distribuição ao longo do tempo. O payout da empresa é de aproximadamente 60,54%, indicando margem para manutenção dos dividendos mesmo em cenários menos favoráveis.

Análise Setorial: Onde Buscar Dividendos Consistentes
Para investidores que buscam dividendos consistentes como parte de uma estratégia de renda passiva, é fundamental entender as características de cada setor da economia e sua capacidade de geração e distribuição de caixa.
Setor Financeiro: Solidez e Previsibilidade
O setor financeiro, liderado por Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, tradicionalmente oferece dividendos regulares e crescentes. Os bancos se beneficiam do atual ambiente de juros elevados, que amplia sua margem de intermediação. Além disso, possuem modelos de negócio resilientes e capacidade de geração de caixa mesmo em cenários econômicos desfavoráveis.
O Itaú, em particular, tem histórico de aumentos progressivos em sua distribuição de dividendos, alinhando os interesses dos acionistas com a estratégia de longo prazo da empresa. Com a valorização recente das ações, o dividend yield pode parecer menos expressivo, mas a consistência e a perspectiva de crescimento dos proventos mantêm o ativo atraente.
Setor de Materiais: Volatilidade com Oportunidades
Empresas como Vale, Klabin e Ferbasa pertencem ao setor de materiais, caracterizado por maior volatilidade devido à dependência de commodities com preços determinados globalmente. No entanto, essas empresas frequentemente oferecem yields atrativos, especialmente em momentos de alta nos preços de suas commodities.
A Vale, por exemplo, tem política de distribuição de dividendos vinculada ao preço do minério de ferro, podendo oferecer yields excepcionais em períodos de alta da commodity. Já a Klabin, embora esteja sujeita à ciclicidade do setor de celulose, mantém distribuição regular de proventos, complementada por programas de recompra de ações.
Setor Industrial e Logística: Crescimento com Estabilidade
Empresas como Tegma representam o setor industrial e de logística, que oferece um equilíbrio interessante entre potencial de crescimento e estabilidadena distribuição de dividendos. Essas companhias geralmente possuem modelos de negócio menos voláteis que as commodities, mas com potencial de crescimento superior ao setor financeiro.
A Tegma, em particular, demonstra uma combinação atrativa: crescimento robusto de dividendos (39,84% nos últimos 5 anos) com yield atual de 7,29%. Esse perfil é ideal para investidores que buscam não apenas renda corrente, mas também valorização do capital ao longo do tempo.
Perspectivas para o Mercado de Dividendos
Considerando o cenário macroeconômico atual e as projeções para os próximos trimestres, especialistas avaliam que o mercado de dividendos deve manter sua atratividade, embora com algumas mudanças no perfil das empresas mais interessantes.
Com a Selic mantida em 15% pelo Copom – conforme amplamente esperado pelo mercado – os investimentos de renda fixa continuam oferecendo retornos nominais elevados. No entanto, para investidores com horizonte de longo prazo e tolerância à volatilidade, ações com sólidos históricos de dividendos podem oferecer vantagens significativas, especialmente em termos de proteção contra a inflação e potencial de valorização do capital.
As projeções indicam que a taxa básica de juros deve iniciar um ciclo de queda apenas a partir de março de 2026, o que mantém o ambiente favorável para papéis de empresas com dívidas controladas e capacidade de repasse de inflação. Nesse contexto, setores como utilities, financeiro e consumo essencial tendem a se beneficiar, mantendo políticas robustas de distribuição de dividendos.

Estratégias para Investidores de Dividendos
Em um mercado em transformação, com mudanças na liderança entre setores e empresas, os investidores focados em dividendos precisam adotar estratégias que balancem yield corrente, crescimento dos proventos e sustentabilidade da distribuição.
Diversificação Setorial
A recente ascensão do Itaú ao topo da B3 reforça a importância da diversificação entre setores. Concentrar investimentos em um único setor – mesmo que seja o financeiro, com seu histórico sólido de dividendos – expõe o portfólio a riscos específicos do segmento. Uma abordagem diversificada, com exposição a setores cíclicos e defensivos, pode oferecer maior estabilidade aos fluxos de rendimento.
Análise de Sustentabilidade
Yield elevado não significa necessariamente um bom investimento. É fundamental analisar a sustentabilidade dos dividendos por meio de indicadores como payout ratio, geração de caixa operacional e nível de endividamento. Empresas com payout excessivamente elevado podem estar comprometendo seus investimentos futuros para manter distribuições atuais insustentáveis.
Reinvestimento de Proventos
Para investidores com horizonte de longo prazo, a estratégia de reinvestimento sistemático dos dividendos recebidos pode potencializar significativamente os retornos totais, aproveitando o efeito dos juros compostos. Muitas empresas oferecem programas de reinvestimento automático, que permitem a aquisição de novas ações sem custos de corretagem.
O Que Observar nos Próximos Dias
Além do balanço da Petrobras, os investidores devem acompanhar as decisões do Copom sobre a Selic, os desdobramentos da assembleia da Tesla que pode definir o futuro de Elon Musk na empresa, e os possíveis anúncios de dividendos extraordinários de empresas com resultados acima do esperado no 3T25.

Conclusão: Dividendos Como Estratégia em um Mercado em Transformação
O mercado financeiro brasileiro vive um momento de transição, simbolizado pela ascensão do Itaú ao topo do ranking de valor de mercado. Essa mudança reflete não apenas o desempenho excepcional do setor bancário no atual ambiente de juros elevados, mas também uma valorização de empresas com governança sólida, modelos de negócio resilientes e políticas consistentes de distribuição de dividendos.
Enquanto isso, empresas como Klabin, Ferbasa e Tegma reforçam a atratividade do mercado de ações para investidores de renda, com anúncios substanciais de distribuição de proventos. A diversidade de setores representados entre as pagadoras de dividendos – de financeiro a materiais básicos e logística – oferece oportunidades para diferentes perfis de risco e objetivos de investimento.
Para investidores, a chave está na análise criteriosa da sustentabilidade dos dividendos, considerando não apenas o yield corrente, mas também o crescimento histórico, o payout ratio e as perspectivas do negócio. Em um ambiente de juros elevados, mas com expectativa de queda no médio prazo, os dividendos podem oferecer não apenas renda corrente, mas também proteção contra a inflação e potencial de valorização do capital.
À medida que a temporada de balanços do terceiro trimestre se aproxima do fim, novas oportunidades de dividendos podem surgir, especialmente de empresas com resultados acima das expectativas e caixa robusto. A atenção aos comunicados das companhias e às datas “com” e “ex” torna-se essencial para quem busca maximizar os retornos dessa estratégia de investimento.

Este resumo não é recomendação de investimento. Consulte seu Advisor.
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